01/01/2017 às 20:00 Reflexões

5 coisas que aprendi sobre fotografia como profissão em 2016

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5min de leitura

O ano de 2016 foi um marco.

O primeiro ano que fotografia é meu meio de sustento.

Foram 12 meses dedicados à fotografia: estudando, vendo, comentando sobre, falando de, fotografando.

Foram 12 meses de um extensivo aprendizado. Dentre as coisas que aprendi, 5 delas compartilho com vocês:

1 - Sua vitrine é essencial.

Você contrata um serviço sem ver o trabalho da pessoa antes? Ou ter indicação antes? Esse foi meu primeiro empecilho. Meu portfólio era basicamente composto por fotografia de paisagem. Como eu convenceria pessoas que faria boas fotos de seus eventos se eu não tinha exemplos para mostrar?

Para esse primeiro obstáculo, resolvi fazer fotografia de graça, de amigos, de filhos de amigos, de parentes, de qualquer um que quisesse ser fotografado.

Aprendi muito no processo, descobri parte das nuanças de cada ensaio. Pude perceber os pontos em que eu precisaria aperfeiçoar e melhorar.

Fazer fotos de graça foi minha forma de aprender e conseguir material para mostrar, e quando os clientes pagantes começaram a chegar, eu já tinha uma bagagem.  

2 -Deixar a timidez de lado.

O começo foi difícil. Eu tinha vergonha. Vergonha de atrapalhar, de me intrometer demais, tinha vergonha até de disparar o flash, para ter uma ideia. Foi uma luta quase diária aprender a pedir às pessoas para fazerem poses, ou num evento, interromper alguma conversa para fotografa-las. Mas nada como um mês após o outro e um trabalho após o outro, um feedback após o outro, para me fazer entender que todo mundo sabia que eu estava ali para fotografar e esperavam por isso. E sabiam que eu ia aparecer na frente e procurar melhores ângulos. E foi (continua sendo, na verdade) um aprendizado. Saber dosar momentos que o evento pede discrição e momentos que são mesmo para fotografar e registrar. Aprendi a conversar e me apresentar às pessoas do evento (o maestro que regia a orquestra de meninos, por exemplo) e dizer a ele que ia fotografar e perguntar como poderia fazer para atrapalha-lo menos enquanto fazia meu trabalho. Atitudes assim abriram sorrisos e oportunidades e eu fui aprendendo (estou aprendendo) a relaxar.

3 -Propaganda.

Graças à minha timidez, fazer propaganda foi outro problema. Mas esse eu aprendi a superar logo, porque precisava ganhar dinheiro (as contas do fim do mês não tem nada de tímidas). Comecei procurando um bom site, para isso, procurei por fotógrafos no google para ver como era a pagina deles. Muitos tinham páginas bem estruturadas que as fotos pareciam obras de arte, olhava o rodapé e estava escrito “alboom”. Procurei alboom e amei o site deles. Fácil de usar, fácil de diagramar... meio salgado no preço mas eu pensei “pra ganhar dinheiro, precisa gastar dinheiro” e fechei os olhos e investi. Logo percebi que só ter o site era pouco, abri o facebook, incrementei o instagran, com o tempo incluí o Pinterest... qualquer lugar que me desse alguma visibilidade.

Eu achava que bastava pagar um adword do google que logo as pessoas estariam correndo para minha porta. Ledo engano. Os meses passando e as pessoas não estavam correndo para minha porta. Esse primeiro ano de fotografia foi 1% fotografando e 99% tentando aparecer nos sites de busca e nas redes sociais. Os amigos foram primordiais nesse período. Passado um ano, eu ainda tenho uma certa vergonha de marcar amigos no face para fazer propaganda, mas faço! Preciso fazer! Mando e-mail, mando whats, mando mala direta... sou a chata mesmo. Fiquei igual todo mundo que eu reclamava ostentando propaganda. Ainda não descobri um jeito diferente de fazer isso.

4 - Quanto custa x Quanto vale.

Só quem trabalha com serviços sabe a dor que é quando alguém coloca o preço na frente da arte. Trabalhar com fotos não tem nada de fácil. As pessoas no geral pensam que basta apontar uma câmera profissional e pronto. Ninguém acha que um fotografo tem custos. Para cada clique que eu dou, minha câmera deprecia um tantinho. Daqui a pouco ela estará fora do mercado e eu precisarei de outra. Nesse ano eu abri mão do meu carro para comprar lentes, flashs, rebatedores, difusores, baterias, cartões de memória. Para pagar por programa de hospedagem de site, para registro da marca, programa de tratamento de imagem, site de escolha de fotos, nuvem para guardar imagens... e a torneirinha do dinheiro parece que é quebrada de tanto que vai. Mas todas essas coisas eram importantes para que eu prestasse um serviço de qualidade.

Aí a pessoa vira e fala: - Nossa! Porque cobra tão caro? É tão pouco tempo?

E olha! Dói na alma ouvir isso. Aprendi a dar aquele sorrisinho amarelo e me abster de comentar. Ainda tenho muito o que aprender sobre o valor do meu trabalho e sobre quanto cobrar por ele, mas o caminho está aí na frente para ser percorrido, e eu aprendo depressa.

5 - Sua voz, sua visão.

No começo eu fazia o que as pessoas me pediam, ou tentava me inspirar em fotógrafos já consagrados. Nada errado em fazer isso, mas não demorou muito para eu perceber que, por mais que fizesse a mesma luz, o mesmo ângulo, minha fotografia era diferente. No começo eu achava isso um erro, mostrava a foto para o cliente (pagante ou não), morrendo de vergonha. Logo percebi que as pessoas amavam a foto, mesmo as que eu achava que não estavam tão boas. Boas na minha concepção de ficar parecida com a técnica utilizada pelo fulano ou pelo beltrano. Na verdade, a fotografia ficava parecida comigo. Com o jeito que eu vejo o mundo.

Existe a expectativa da pessoa que te contrata para as fotos, claro, mas existe aí uma gama infinita de possibilidades de fazer a fotografia como você a idealiza. 90% dos ensaios que eu fiz, a foto que nasceu na minha cabeça (e não na referência do fotografado) foi a fotografia preferida. Ali pelo meio do ano eu já havia aprendido que eu tenho uma forma toda minha de fotografar, que deve ser fruto da forma como eu fui criada, como eu vejo o mundo e as pessoas, como eu sou. Não dá para mudar quem você é, mas dá para aperfeiçoar. Sei que chegará um dia que as pessoas olharão para uma imagem minha e reconhecerão na hora como sendo minha. E isso é meu! E ninguém vai tomar de mim.

Disse que ia compartilhar 5 coisas, mas lembrei de mais uma, que vou deixar aqui como bônus: Fotografar é um verbo de ação.

Precisa agir. Botar a câmera na frente dos olhos e clicar e clicar e clicar. Todas as fotos que eu fiz na vida me ensinaram algo, e eu tive a sorte de ter excelentes professores ao longo da minha vida. Fotografia começa nos seus olhos, é codificada no seu coração  e se transforma em imagem depois que você clica. Fotografia tem algo a dizer. É a forma que você viu e interpretou alguma coisa, ou alguém, ou um momento. É você. Como você quer ser visto pelo mundo? Como você quer ser lembrado?

 É isso! Um ano de muito aprendizado. E que venham os próximos.

01 Jan 2017

5 coisas que aprendi sobre fotografia como profissão em 2016

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